sexta-feira, 15 de novembro de 2013

De Perto

ginzel
foto: guizel

Cosia a própria roupa e não era diferente de ninguém
Porém em suas ideias ninguém tocava
Não era diferente porque não queria ser igual
Em suas criações olhava para fora
Olhava para os vales, olhava para o mar e para a variação das marés
Olhava para o céu, o céu azul da manhã, cinza da tarde e às vezes azul de novo
Olhava também para o mergulho de um vermelho alaranjado num negro e brilhante tapete estrelado

Eram essas, todas inspirações que a distanciava de tudo o que os grandes centros devoravam
E então tudo se tornara em realidade, e a sua realidade em descarada cópia, e ainda tinha a cópia da cópia
Mas só com ela aquela conjunção falava
Só com ela
Por que estrelas do mar e do céu, só com uma única pessoa da costa falam vocês?

Adentrei seu espaço, e repetindo mais de mil vezes essa pergunta finalmente elas me falaram
E uma bronca me deram, porque já tinham comigo falado, mas não tinha conseguido ouvir
Descobri que muitos outros também não as ouviram, descobri que muitos as desprezaram e que muitos outros jamais ouvirão
Naus e navegantes, casais e ofegantes, seres errantes que as tinham como sua única salvação
Mas em nosso encontro tudo era arte

Tive que ir para concordar
Tive que ir para averbar
Tive que saber o que ela pensa e vê
Então voltei com uma resposta
Sair com a lente certa do olho do grande cão, direção leste
Diferente daqui, desse paraíso, o grande centro tudo devora


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