quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Algumas lições da crise petrolífera

Por Wladmir Coelho 


Foto: Revista Fórum



"A principal tarefa do setor petrolífero dos Estados Unidos consiste em reduzir os custos da produção para manter a sua posição de liderança no mundo". Alan Greenspan



Política de preços: A origem geopolítica

A queda no preço do petróleo apresenta em suas origens – veja que não afirmo como única causa – a política de segurança energética dos Estados Unidos. Esta política tem em seu fundamento a independência do país em relação ao petróleo importado do Oriente Médio.


Os EUA abandonaram os príncipes da Arábia?

Ao contrário. Este corte nos valores do petróleo não parece preocupar muito os príncipes proprietários da ARAMCO que participam alegremente, vejam o exemplo da refinaria Motiva Port Arthur, dos investimentos necessários à concretização da política de segurança energética dos EUA.

A refinaria Motiva Port Arthur é a maior e a mais moderna dos Estados Unidos está apta para refinar, inclusive, o óleo de xisto e metade desta empresa pertence aos príncipes.

O envolvimento da nobreza árabe em negócios nos Estados Unidos é amplamente conhecida e inclui a participação da oligarquia dos Bush e a família real "proprietária" do petróleo árabe.

Recordando: Durante o fechamento do espaço aéreo dos Estados Unidos em decorrência dos ataques de 11 de setembro somente um avião comercial recebeu autorização para decolar. Esta aeronave transportava dezenas de príncipes e princesas em direção aos seus respectivos palácios. Oligarquia e monarquia tudo a ver.


A segurança energética dos EUA inclui todo o continente americano

A política de segurança energética dos Estados Unidos não encontra limites territoriais. Vejamos:

a) No Canadá a produção de areia betuminosa foi dirigida para atender este objetivo embora desorganize a economia canadense atualmente voltada para a exportação de óleo aos EUA;

b) O governo mexicano, apesar da oposição popular, avança em seu intuito de privatizar a PEMEX garantindo novas áreas produtivas aos interesses de segurança e mercadológico dos EUA;

c) O controle das Ilhas Malvinas também surge como obstáculo à plena execução do projeto de segurança dos EUA. Um governo nacionalista não convém quando o assunto é petróleo.

d) A Venezuela, importante fornecedor dos Estados Unidos, enfrenta problemas para manter a política econômica do petróleo independente. Ao dirigir os recursos decorrentes da exploração ao projeto nacional de desenvolvimento.

A opção evidente dos Estados Unidos é promover a derrubada do presidente Maduro. Fato inédito na história?

Neste ponto precisamos observar que: O governo da Venezuela representa um entrave ao projeto de lucro máximo, mesmo com preços reduzidos, considerando as limitações decorrentes do controle estatal da produção petrolífera.

Nos Estados Unidos os petroleiros estão em greve por aumento de salários e garantias sociais. Este fato não ocorria há 30 anos e mostra o aumento na exploração da mão de obra. O menor preço compensado com maior exploração. A Venezuela representa sim uma barreira ao modelo econômico voltado aos interesses das oligarquias dos Estados Unidos.

Quanto ao aumento da exploração da mão de obra vejam a declaração do ex-diretor da Reserva Federal dos EUA Alan Greenspan: "A principal tarefa do setor petrolífero dos Estados Unidos consiste em reduzir os custos da produção para manter a sua posição de liderança no mundo".


A Petrobras na mira

Alguém ainda considera coincidência a campanha contra a Petrobras? Basta uma simples consulta aos grandes jornais para notar a movimentação descarada dos interessados em privatizar a empresa nacional. Perderam totalmente o pudor e assumem a condição de entreguistas oferecendo o patrimônio do povo brasileiro ao deus mercado.

Os jornais brasileiros apresentam a Petrobras como empresa falida ocultando a crise e números negativos das demais petrolíferas. Neste ponto o leitor pergunta: Está bem prof. Wladmir Coelho; Se todas as empresas encontram-se em dificuldades financeiras quem vai comprar a Petrobras?

Respondo: A política de segurança energética dos Estados Unidos apresenta como elemento executor as empresas privadas de petróleo. O Estado atua como entidade em condições de garantir as estratégias de concentração de mercado apoiando a empresa em melhor condição de controlar as demais. Esta operação é simples e funciona através de fórmulas como acordos comerciais, subsídios, empréstimos financeiros em condições especiais e redução dos encargos trabalhistas. Existindo qualquer entrave para execução destas medidas entra em cena o canhão.

Nenhuma relação com práticas de mercado como andam escrevendo, tentando confundir o povo, nos jornais do Brasil.

Recentemente um grande jornal dos Estados Unidos anunciou que a Exxon seria a empresa ideal para iniciar o processo de aprofundamento da concentração no setor petrolífero.

Vejam bem: A EXXON apresentou queda nos valores de suas ações, anunciou cortes elevados de investimentos, fechou projetos e jornal nenhum do mundo cobrou a troca da direção por nomes mais "identificados com o mercado". Ao contrário: Os executivos das grandes petroleiras reuniram-se e elegeram o presidente da empresa o melhor administrador do ano de 2014.


O retorno da múmia ou a Segurança Continental do general Távora

Nos anos de 1950 o general Juarez Távora defendia a mesma política ora desenvolvida pelos Estados Unidos. Acompanhado de entreguistas, fardados e civis, viajou o país afirmando o seguinte: O Brasil deve manter a propriedade do bem mineral, mas a exploração econômica deve ficar a cargo das empresas dos Estados Unidos. A alegação para fundamentar esta opinião era a Segurança Continental.

A doutrina defendida pelo general Távora entendia que os Estados Unidos, ao controlar a produção, teriam garantido o acesso ao combustível necessário a proteção e defesa do continente. Naquela época a ameaça de plantão eram os soviéticos.


O povo brasileiro não aceitou esta balela e foi às ruas exigir a criação de uma empresa nacional para garantir a auto-suficiência. 60 anos passaram-se e continuam os ataques contra a vontade popular.

Fonte: www.diarioliberdade.org

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

EM MANIFESTO, INTELECTUAIS DENUNCIAM GOLPE

Um manifesto em defesa da democracia e da Petrobras foi divulgado nesta sexta-feira por alguns dos principais intelectuais brasileiros. O texto denuncia a tentativa de destruição da Petrobras, de seus fornecedores e de tentativa de mudança do modelo que rege a exploração de petróleo no Brasil.




Documento assinado por nomes de peso da intelectualidade brasileira, como Fabio Konder Comparato, Marilena Chauí, Cândido Mendes, Celso Amorim, João Pedro Stédile, Leonardo Boff, Luiz Pinguelli Rosa e Maria da Conceição Tavares, entre vários outros, denuncia a tentativa de destruição da Petrobras e de seus fornecedores; "Com efeito, há uma campanha para esvaziar a Petrobras, a única das grandes empresas de petróleo a ter reservas e produção continuamente aumentadas", diz o texto; "Debilitada a Petrobras, âncora do nosso desenvolvimento científico, tecnológico e industrial, serão dizimadas empresas aqui instaladas, responsáveis por mais de 500.000 empregos qualificados, remetendo-nos uma vez mais a uma condição subalterna e colonial"; documento propõe pacto pela democracia.

Leia, abaixo, texto do jornalista Luis Nassif e, também, o manifesto dos intelectuais:


Por Luís Nassif, do jornal GGN

É hora de encarar os fatos: há uma conspiração em marcha para desestabilizar o governo,

ainda que à custa da desorganização da economia. Não dá mais para tapar o sol com a peneira. É uma conjunção muito grande de fatores:

A cobertura enviesada da mídia em cima de vazamentos seletivos da Operação Lava Jato. Conseguiram transformar até a Swissleaks em operação Lava Jato.

O comportamento do Procurador Geral da República Rodrigo Janot, tratando o crime de vazamento de informações como se fosse uma ocorrência normal.

As declarações sincronizadas da mídia, Joaquim Barbosa e Sérgio Moro, procurando manietar o já inerte Ministro da Justiça.

A visita de procuradores ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a pretexto de colaborar com as investigações contra a Petrobras.

Finalmente, a decisão do Ministério Público Federal, de agora há pouco, de dar o golpe final contra as empreiteiras da Lava Jato, inviabilizando-as definitivamente.

Não tem lógica alegar estrito cumprimento da lei para liquidar com as empresas. Nem o mais empedernido burocrata ficaria insensível aos efeitos dessa quebra sobre a economia brasileira, sobre empregos e sobre o crescimento.

Qualquer agente público minimamente responsável trataria de apurar responsabilidades e punir duramente as pessoas físicas responsáveis, evitando afetar as empresas, ainda mais sabendo dos desdobramentos sobre a economia como um todo.

Só intenções políticas obscuras para justificar essa marcha da insensatez.

PS - Alo, presidente Dilma Rousseff. Esqueça essa preocupação sobre se as pessoas vão ou não duvidar da sua honestidade. Ninguém duvida dela. Eles não estão atrás da sua reputação: estão atrás do seu cargo. Acorde!



Abaixo, manifesto de personalidades contra o jogo político em andamento.
Manifesto: O QUE ESTÁ EM JOGO AGORA

A chamada Operação Lava Jato, a partir da apuração de malfeitos na Petrobras, desencadeou um processo político que coloca em risco conquistas da nossa soberania e a própria democracia.

Com efeito, há uma campanha para esvaziar a Petrobras, a única das grandes empresas de petróleo a ter reservas e produção continuamente aumentadas. Além disso, vem a proposta de entregar o pré-sal às empresas estrangeiras, restabelecendo o regime de concessão, alterado pelo atual regime de partilha, que dá à Petrobras o monopólio do conhecimento da exploração e produção de petróleo em águas ultraprofundas. Essa situação tem lhe valido a conquista dos principais prêmios em congressos internacionais.

Está à vista de todos a voracidade com que interesses geopolíticos dominantes buscam o controle do petróleo no mundo, inclusive através de intervenções militares. Entre nós, esses interesses parecem encontrar eco em uma certa mídia a eles subserviente e em parlamentares com eles alinhados.

Debilitada a Petrobras, âncora do nosso desenvolvimento científico, tecnológico e industrial, serão dizimadas empresas aqui instaladas, responsáveis por mais de 500.000 empregos qualificados, remetendo-nos uma vez mais a uma condição subalterna e colonial.

Por outro lado, esses mesmos setores estimulam o desgaste do Governo legitimamente eleito, com vista a abreviar o seu mandato. Para tanto, não hesitam em atropelar o Estado de Direito democrático, ao usarem, com estardalhaço, informações parciais e preliminares do Judiciário, da Polícia Federal, do Ministério Público e da própria mídia, na busca de uma comoção nacional que lhes permita alcançar seus objetivos, antinacionais e antidemocráticos.

O Brasil viveu, em 1964, uma experiência da mesma natureza. Custou-nos um longo período de trevas e de arbítrio. Trata-se agora de evitar sua repetição. Conclamamos as forças vivas da Nação a cerrarem fileiras, em uma ampla aliança nacional, acima de interesses partidários ou ideológicos, em torno da democracia e da Petrobras, o nosso principal símbolo de soberania.

20 de fevereiro de 2015


Alberto Passos Guimarães Filho

Aldo Arantes

Ana Maria Costa

Ana Tereza Pereira

Cândido Mendes

Carlos Medeiros

Carlos Moura

Claudius Ceccon

Celso Amorim

Celso Pinto de Melo

D. Demetrio Valentini

Emir Sader

Ennio Candotti

Fabio Konder Comparato

Franklin Martins

Jether Ramalho

José Noronha

Ivone Gebara

João Pedro Stédile

José Jofilly

José Luiz Fiori

José Paulo Sepúlveda Pertence

Ladislau Dowbor

Leonardo Boff

Ligia Bahia

Lucia Ribeiro

Luiz Alberto Gomez de Souza

Luiz Pinguelli Rosa

Magali do Nascimento Cunha

Marcelo Timotheo da Costa

Marco Antonio Raupp

Maria Clara Bingemer

Maria da Conceição Tavares

Maria Helena Arrochelas

Maria José Sousa dos Santos

Marilena Chauí

Marilene Correa

Otavio Alves Velho

Paulo José

Reinaldo Guimarães

Ricardo Bielschowsky

Roberto Amaral

Samuel Pinheiro Guimarães

Sergio Mascarenhas

Sergio Rezende

Silvio Tendler

Sonia Fleury

Waldir Pires





quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Segurança alimentar frente aos transgênicos




Os agricultores, plataformas civis e organizações da sociedade civil acompanham há algumas semanas a decisão da Monsanto para retirarem os pedidos de comercialização na União Europeia de suas sementes geneticamente modificadas. Depois de enfrentar os seus protestos e burocracia sem fim, a multinacional líder na produção de organismos geneticamente modificados (GMO) também encontrou oposição da Comissão Europeia, suspeito dos riscos que esta prática pode representar para a saúde e para o ambiente. E muitas das sementes Monsanto planejadas para exportar ter modificações genéticas que lhes permitem resistir a herbicidas convencionais. O cultivo leva a utilização herbicida mais elevada e mais potentes, muitas vezes, também estão disponíveis a partir da própria multinacional. Além disso, as sementes transgênicas não permitir a reprodução e devem ser adquiridos antes de cada nova safra, que é uma enorme despesa que não consegue convencer os agricultores, apesar de sua delicada situação.

A verdade é que os GMOs nunca foram enraizados na Europa. Nos últimos anos, a Hungria destruiu campos de milho geneticamente modificado; Grécia e Alemanha proibiram essas culturas, e da França proibiu o uso de qualquer semente modificada. Estima-se que em todo o mundo existam 170 milhões de hectares plantados com GMO e apenas 100 mil estão na Europa. A maioria deles estão localizados na Espanha, o único país da União Europeia que cresce o GMO em larga escala, de acordo com o Greenpeace, com 90 por cento do milho modificado. 

Monsanto, que chegou à Espanha em 1970, renovou exportação de milho MON-810, apesar da decisão da Comissão Europeia. A frouxidão da legislação espanhola, a falta de um plano claro de apoio à agricultura e cega do governo, demonstram a estreita relação entre o país e os poderosos da multinacional. Blanca Ruibal, responsável pela agricultura ONG Amigos de la Tierra adverte que 67 por cento dos experimentos transgênicos são realizadas ao ar livre na Europa são feitos na Espanha: "há uma alta opacidade em torno dessas práticas . Você nunca sabe onde eles estão localizados com suas culturas experimentais, mesmo que não haja um acórdão do Tribunal de Justiça Europeu, que exige que os governos de assinalem a sua localização. N Espanha, a informação está escondida.

Quando a Monsanto e outras empresas que buscam experiências ao ar livre para testar seus produtos, a maioria dos países europeus é negam. A Espanha não, o que se tornou um laboratório perfeito. Tal é a docilidade do Estado espanhol que os Estados Unidos pressionou e utilizado para que favoreceu, em Bruxelas, na Bélgica, a introdução dos GMOs com alguns telegramas diplomáticos divulgados pelo WikiLeaks. 

Mais um argumento apresentado pelas empresas que comercializam com GMOs, é que seu uso pode ajudar a combater a escassez de alimentos no mundo. O bilionário fundador da Microsoft, e acionista da Monsanto, Bill Gates, passou a alegação de que os transgênicos são a solução para acabar com a fome no mundo: um argumento que não se sustenta quando vemos que a maioria dos GMOs que são comercializados não são destinados à alimentação, mas a produção de ração animal. 

Na Argentina, o maior produtor de soja do mundo, mais de 90 por cento da produção é transgênica, espalhados por mais de 19 milhões de hectares de monocultura anteriormente dedicada à pecuária, legumes. Milhares de camponeses empobrecidos que viveram anteriormente a lavrar a terra migraram com suas famílias desde que a Monsanto se estabeleceu lá. 

O mesmo aconteceu na Índia com o algodão, ou no Quênia, onde uma variedade de batata-doce transgênica introduzida pela Monsanto revelou-se menos produtivos do que batata convencional. 

A informação é derrubar os muros de oligarquias empresariais e revelar as consequências à saúde pelos transgênicos e do ambiente. A decisão da União Europeia é precedida por protestos em massa no México, Argentina, Chile e Porto Rico, caracterizando uma cidadania denunciando o abuso organizado, e informando que prejudica diretamente a soberania alimentar, uma linha vermelha que não deve ser excedida por benefícios econômicos privados.

Fonte: crisis-sistemica-global.blogspot.com.br em 01/10/2013

sábado, 24 de janeiro de 2015

A Globo agregaria

Há três meses subiu no Youtube o drama estadunidense de 2000 
"Requiem for a Dream", com direção e roteiro de 
Darren Aronofsky.
Hubert Selby Jr também assinou o roteiro.

É o filme de drogas mais pesado de todos os tempos.

Clint Mansell é uma página a parte na produção, compositor da hipnotizante e muito sampleada trilha sonora ao receber essa missão o fez com maestria.

Confira a pedrada:






Confira a trilha original:



Confira o filme:


 


Paralelamente seria impossível não lembrar da Rede Globo, a droga mais pesada encontrada no Brasil.



Surreágua

Parece que foi ontem, parece que nunca foi, não é.
Existe no indivíduo sem motivar o coletivo, mas quem motiva?







O que motiva está desmotivado. Às prévias meu caro, às prévias!
"Tenho água e não tenho sede, nem de justiça." Pensa e diz, nunca assume.
Assim como nociva é a água também da mesma forma é o cair no consciente do povo, pior que mergulhar no oceano, onde nesse, o esquecimento é eterno.
O povo também esquece, porém o fato do Meio, já enraizado e de tão, passar por não existo, ainda deixa cicatrizes para quem as procura, já o oceano não.






Caso mergulhara, esse pulha, teria se queimado. Não pode.
Mas alguém mergulha.
Primeiro abre a torneira do inconformismo, logo em seguida aperta a descarga e vê rodar tudo o que, o que motiva e está desmotivado não falou. Ainda com todos os seu fluídos corpóreos acima dos 36° toma o banho da revolta, seus fluxos já estão nos córregos, nos rios, nos mares.
Mergulhado em berço esplendido chega ao mais profundo dos oceanos, lugar em que o Meio nem sonhara.  







O choro é redundante, a alma chora e não existe lugar para isso.
Antes de ver a multidão que até então, antes das prévias, não foi ajuntada pelo Meio, se vê.
Ainda sem se conformar porque também dorme, mesmo tendo alcançado o coração dos mares descobre que, num dado momento, nesse lapso de tempo, passaram-se as prévias e aquele que desmotivado estava se motivou, e, até falsos algozes arrumou.
Ele agora arrasta multidões, mas aquele que no mar da sensatez der um simples mergulho saberá o quanto essa figura é leviana e em estando nas profundezas do oceano verá e confirmará o que há tempos não existe. 





quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Marx, Lênin, Gramsci e a imprensa

Por Altamiro Borges





Diante do poder alcançado pela mídia hegemônica e das ilusões ainda existentes sobre seu papel, revisitar as idéias de intelectuais marxistas sobre o tema é da maior importância e causam surpresa por sua enorme atualidade. Marx, Lênin e Gramsci, entre outros pensadores revolucionários, sempre destacaram o papel dos meios de comunicação. Exatamente por entenderem a importância da luta de idéias, do fator subjetivo na transformação da sociedade, fizeram questão de desmascarar o que chamavam, sem meias palavras, de “imprensa burguesa” e de realçar a necessidade da construção de veículos alternativos dos trabalhadores. 

Estes dois elementos, a denúncia do caráter de classe da imprensa capitalista e a defesa dos instrumentos próprios dos explorados, são as marcas principais destes intelectuais marxistas. Marx, Lênin e Gramsci dedicaram enorme energia ao trabalho jornalístico, escrevendo centenas de artigos e ajudando a construir vários jornais democráticos e proletários. Foram jornalistas de mão-cheia, produzindo textos que entraram para a história. Sempre estiveram sintonizados com o seu tempo, pulsando a evolução da luta de classes; nunca se descuidaram da forma, da linguagem, para melhor difundir os seus conteúdos revolucionários.

Defesa da liberdade de expressão 

Vítimas da violenta perseguição das classes dominantes, os revolucionários nunca toleraram a censura dos opressores e foram os maiores defensores da verdadeira liberdade de expressão. A própria ampliação da democracia foi decorrência das lutas dos trabalhadores, já que nunca interessou à reacionária burguesia. Mas os revolucionários nunca confundiram esta exigência democrática com a proclamada “liberdade de imprensa”, tão alardeada pela burguesia que controla os meios de produção e usa todos os recursos, legais e ilegais, ardilosos e cruéis, para castrar a própria democracia e o avanço das lutas emancipadoras. 

Numa fase ainda embrionária do movimento operário-socialista, Karl Marx logo se envolveu na atividade jornalística. Após concluir seu doutorado em filosofia, em 1841, ele pretendia seguir a carreira acadêmica e ingressar na Universidade de Bonn, mas a brutal repressão do governo prussiano inviabilizou tal projeto e o jovem filósofo alemão manteve seu sustento através do jornalismo. Em 1842, ingressou na equipe do jornal Gazeta Renana e virou o seu redator-chefe. Sob sua direção, este periódico democrático triplicou o número de assinantes e ganhou prestígio, mas durou poucos meses e foi fechado pela ditadura prussiana. 

Sem ilusões na imprensa burguesa 

Na seqüência, entre 1848/49, passou a escrever no jornal Nova Gazeta Renana, que se transformou numa trincheira de resistência ao regime autoritário. Em menos de dois anos, Marx escreveu mais de 500 textos e tornou-se um articulista de sucesso. O combate ao código de censura do governo prussiano resultou na proibição do jornal. Marx ainda escreveu para o Die Press e o New York Tribune sobre política, economia e história. “Era um jornalismo que revelava a minuciosa leitura de Marx, seu alto grau de informação não apenas sobre os fatos e conflitos, como também sobre os atores individuais e a própria imprensa”, relata José Onofre, na apresentação do livro recém-lançado “Karl Marx e a liberdade de imprensa”. 

Em sua defesa da liberdade de expressão, ele nunca vacilou na denúncia da ditadura burguesa. Para ele, o jornal deveria ser uma arma de combate à opressão e à exploração e não um veículo neutro. “A função da imprensa é ser o cão-de-guarda, o denunciador incansável dos opressores, o olho onipresente e a boca onipresente do espírito do povo que guarda com ciúme sua liberdade”. Em outro texto, afirma: “O dever da imprensa é tomar a palavra em favor dos oprimidos a sua volta. O primeiro dever da imprensa é minar todas as bases do sistema político existente”. Por estas idéias libertárias, ele foi processado e perseguido. 

Poder do capital sobre a imprensa 

Outro que nunca se iludiu foi Vladimir Lênin. Atuando num período da ascensão revolucionária, ele foi ainda mais duro no combate aos jornais burgueses. Num texto intitulado “a liberdade de imprensa do capitalismo”, ele desnuda esta falácia. “A ‘liberdade de imprensa’ é também uma das principais palavras de ordem da ‘democracia pura’. Os operários sabem e os socialistas de todos os países reconheceram-no milhares de vezes que esta liberdade é um engano enquanto as melhores impressoras e os estoques de papel forem açambarcados pelos capitalistas, e enquanto subsistir o poder do capital sobre a imprensa”. 

“Com vista a conquistar a igualdade efetiva e a verdadeira democracia para os trabalhadores, é preciso começar por privar o capital da possibilidade de alugar escritores, de comprar editoriais e de subornar jornais, mas para isso é necessário destruir o jugo do capital... Os capitalistas chamam sempre ‘liberdade’ à liberdade para os ricos de manterem seus lucros e liberdade para os operários de morrerem à fome. Os capitalistas denominam de liberdade de imprensa a liberdade de suborno da imprensa pelos ricos, a liberdade de usar a riqueza para forjar e falsear a chamada opinião pública”. Nada mais atual! 

Numa outra fase histórica, em que o setor da comunicação ainda não era um poderoso ramo da economia, Lênin chegou a se contrapor à participação dos comunistas na imprensa burguesa. “Poder-se-á admitir que colaborem nos jornais burgueses? Não. A semelhante colaboração se opõe tanto as razões teóricas como a linha política e a prática da social-democracia... Dir-nos-ão que não há regra sem exceção. O que é indiscutível. Não se pode condenar o camarada que, vivendo no exílio, escreve num jornal qualquer. É por vezes difícil criticar um social-democrata que, para ganhar a vida, colabora numa seção secundária de um jornal burguês”. Mas, para ele, tais casos deveriam ser encarados como exceção e com princípios. 

“Boicote, boicote, boicote” 

Para encerrar este bloco, que evidencia que os marxistas nunca nutriram ilusões sobre o caráter de classe da imprensa burguesa e nem se embasbacaram com o seu poder de sedução, vale reproduzir uma longa citação de Antonio Gramsci, o revolucionário italiano de padeceu onze anos nos cárceres. No texto “Os jornais e os operários”, escrito em 1916, ele faz uma conclamação aos trabalhadores que bem poderia servir para uma campanha contra a revista Veja e outros veículos da mídia brasileira na atualidade: 

Para ele, a assinatura de jornal burguês “é uma escolha cheia de insídias e de perigos que deveria ser feita com consciência, com critério e depois de amadurecida reflexão. Antes de mais, o operário deve negar decididamente qualquer solidariedade com o jornal burguês. Deveria recordar-se sempre, sempre, sempre, que o jornal burguês (qualquer que seja sua cor) é um instrumento de luta movido por idéias e interesses que estão em contraste com os seus. Tudo o que se publica é constantemente influenciado por uma idéia: servir à classe dominante, o que se traduz sem dúvida num fato: combater a classe trabalhadora. E, de fato, da primeira à última linha, o jornal burguês sente e revela esta preocupação”. 

“Todos os dias, pois, sucede a este mesmo operário a possibilidade de poder constatar pessoalmente que os jornais burgueses apresentam os fatos, mesmo os mais simples, de modo a favorecer a classe burguesa e a política burguesa em prejuízo da política e da classe operária. Rebenta uma greve! Para o jornal burguês os operários nunca têm razão. Há uma manifestação! Os manifestantes, apenas porque são operários, são sempre tumultuosos e malfeitores. E não falemos daqueles casos em que o jornal burguês ou cala, ou deturpa, ou falsifica para enganar, iludir e manter na ignorância o público trabalhador. Apesar disso, a aquiescência culposa do operário em relação ao jornal burguês é sem limites”. 

“É preciso reagir contra ela e despertar o operário para a exata avaliação da realidade. É preciso dizer e repetir que a moeda atirada distraidamente é um projétil oferecido ao jornal burguês que o lançará depois, no momento oportuno, contra a massa operária. Se os operários se persuadirem desta elementar verdade, aprenderiam a boicotar a imprensa burguesa, em bloco e com a mesma disciplina com que a burguesia boicota os jornais operários, isto é, a imprensa socialista. Não contribuam com dinheiro para a imprensa burguesa que vos é adversária: eis qual deve ser o nosso grito de guerra neste momento, caracterizado pela campanha de assinatura de todos os jornais burgueses: Boicotem, boicotem, boicotem!”. 

Construtores da imprensa revolucionária 

Exatamente por não nutrirem ilusões na imprensa burguesa, Marx, Lênin e Gramsci sempre investiram na construção de instrumentos próprios das forças contrárias à lógica do capital. Segundo o biógrafo David Riazanov, “a Nova Gazeta Renana tratava de todas as questões importantes, de sorte que o jornal pode ser considerado um modelo de periódico revolucionário. Nenhum outro periódico russo nem europeu chegou à altura da Nova Gazeta... Seus artigos não perderam nada de sua atualidade, de seu ardor revolucionário, de sua agudeza na análise dos acontecimentos. Ao lê-los, sobretudo os de Marx, acreditamos assistir à história da revolução alemã e da revolução francesa, tão vivo é o estilo, como profundo é o sentido”. 

Já Lênin, que viveu numa fase de efervescência revolucionária, dedicou boa parte das suas energias para construção de jornais socialistas – dos mais diferentes tipos, sempre sintonizados com a evolução da luta de classes. Iskra, Vperiod, Pravda, Proletari, Rabotchaia Pravda, Nievskaia Svesdá, entre outros jornais organizados e dirigidos por ele, servirão para agregar as forças de esquerda, fazer agitação nas fábricas, aprofundar os debates ideológicos e construir o partido. Na sua mais célebre definição, Lênin sintetizou: 

“O jornal não é apenas um propagandista coletivo e um agitador coletivo. Ele é, também, um organizador coletivo. Neste último sentido, ele pode ser comparado com os andaimes que são levantados ao redor de um edifício em construção, que assinala os contornos, facilitam as relações entre os diferentes pedreiros, ajudam-lhes a distribuírem tarefas e a observar os resultados gerais alcançados pelo trabalho organizado”. A reacionária burguesia russa logo entendeu o perigo representado por estes jornais, tanto que os reprimiu ferozmente. No caso do Pravda, de um total de 270 edições, 110 foram objeto de ações judiciais e os seus redatores foram condenados a um total de 472 anos de prisão. Mas isto não abrandou o seu vigor! 

Atualidade das noções marxistas 

No caso de Gramsci, o longo período de cárcere dificultou a sua atividade jornalística e castrou seu desejo de organizar a imprensa operária. Antes da prisão, ele editou vários jornais de fábrica e empenhou-se na difusão do Ordine Nuovo. Na sua rica elaboração sobre o papel dos intelectuais e a luta pela hegemonia, ele chega a afirmar que, em momentos de crise, o jornal pode funcionar como partido político, ajudando a desnudar a ideologia dominante e a construir a ação contra-hegemônica do proletariado. Para ele, o momento da desconstrução do velho é, ao mesmo tempo, o da construção do novo. 

As contribuições de Gramsci servem para desmistificar o papel da mídia hoje, mantendo impressionante atualidade. Para ele, a imprensa burguesa é um “aparelho privado de hegemonia”, capaz de disputar os rumos da sociedade por meio de uma verdadeira guerra de posições em todas as “trincheiras ideológicas”. Através da imprensa privada e mercantil, que objetiva o lucro e que faz da notícia uma mera mercadoria, a burguesia tenta se aparentar como representante da esfera pública. Além disso, em momentos de crise da ideologia dominante e de fratura dos partidos burgueses, a imprensa se apresenta como “o partido do capital”, que organiza e amalgama os interesses das várias frações de classe da burguesia.


Fonte: altamiroborges.blogspot.com.br

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Além da marcha da hipocrisia

Enquanto tevês e jornais do mundo todo congelam-se naquela "comovente" imagem dos líderes mundias de braços dados marchando, ainda não sei por qual dos seus egocêntricos e as vezes comuns ideais, nos bastidores da UE não há mídia que congele uma sequer vírgula de acordos uni-bi-laterais como o TTIP que tem em seus CAPUTS a fonte de inspiração para outro acordo já falado AQUI.

Virtual candidato à Presidência da República do Brasil, Aécio Neves, sinalizou em sua última campanha simpatia à tais Acordos, nada de anormal para um neoliberal.

Enquanto isso na Europa incongeláveis cidadãos se mobilizam para desamordaçarem o TTIP em busca do poder para o Estado sobre as Transacionais contrariando o agressivo CAPUT "ISDS".




NO 2 ISDS!

NÃO À ISDS: não agora, não aqui e não para nós!

DEIXE A COMISSÃO EUROPEIA saber que você rejeita o direito privilegiado para investidores privados!

Embora os acordos de comércio e investimento sempre tiveram um impacto substancial sobre quase todos os aspectos da vida quotidiana dos cidadãos, dos trabalhadores e dos consumidores, a Comissão Europeia, no entanto, prefere negociar secretamente por trás de portas fechadas. Os sindicatos e as organizações da sociedade civil não estão ativamente envolvidos em negociações comerciais. Isto é particularmente verdadeiro para o processo em curso negociações comerciais sobre a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) entre a União Europeia e os Estados Unidos da América - o maior comércio bilateral e acordo de investimento jamais negociado.

Democraticamente injustificável e inaceitável

Um dos elementos mais contestados é a chamada "solução de controvérsias investidor-Estado (ISDS)". Solução de controvérsias investidor-Estado é uma disposição que autoriza os investidores estrangeiros processar os estados onde eles fizeram investimentos em tribunais internacionais secretos. Isso permite que os investidores a questionar medidas regulamentares introduzidas pelo país anfitrião, que reduzem o potencial de investimento (incluindo lucros esperados) de investidores. Isso limita a capacidade das democracias para passar a legislação resposta às preocupações públicas legítimas, como os direitos trabalhistas, de saúde e de proteção do ambiente ou direitos humanos. Além disso, arbitragens investidor-Estado são realizadas a portas fechadas com os advogados das empresas (árbitros com fins lucrativos), que não são responsáveis ​​perante o público e têm um interesse comercial em manter este sistema prejudicial vivo (o que cria um conflito de interesses importante). Arbitragem investidor-Estado coloca, assim, empresas privadas e governos no mesmo nível. De um ponto de vista democrático, isso é totalmente injustificável e inaceitável.

As negociações a portas fechadas, sem a participação dos cidadãos, 
sindicatos e sociedade civil

Os argumentos contra a resolução de litígios entre investidores e Estado são conhecidos há muitos anos. Apesar disso, a Comissão Europeia tentou empurrá-lo silenciosamente através de suas negociações comerciais em curso com os EUA. Foi só depois de protestos contínuos e substanciais por parte de cidadãos, sindicatos e grupos da sociedade civil que a Comissão Europeia lançou uma consulta pública sobre o mecanismo. No entanto, esta consulta - que foi vendido inicialmente pela Comissão Europeia para o público como uma forma de envolver os cidadãos, sindicatos e sociedade civil - acaba por ser uma mera caricatura.

Primeiro de tudo, a consulta não pede o público se querem de resolução de litígios entre investidores e Estados ou não em TTIP. Além disso, os cidadãos comuns estão sobrecarregados com um questionário altamente técnico e demorado. Para piorar a situação, o público são obrigados a ficar exclusivamente a este questionário eletrônico que não é muito fácil de usar. Não são permitidas cartas ou e-mails. Isso contradiz a própria essência da consulta pública e torna extremamente problemática a partir de um ponto de vista democrático.

Por todas estas razões, AK EUROPA (o escritório de Bruxelas da Câmara Federal austríaca do Trabalho), o ÖGB Europabüro (o escritório de Bruxelas da Federação Sindical austríaca) e Friends of the Earth Europe (a maior rede europeia de base ambientais), deseja oferecer orientação para quem gostaria de falar contra arbitragem investidor-Estado e reservado, negociações comerciais opacas que ocorrem a portas fechadas.

Acreditamos que privilégios especiais para os investidores devem ser excluídos da TTIP. Nós, portanto, também rejeitamos a proposta da Comissão para "melhorar" o sistema de solução de controvérsias investidor-Estado atualmente previsto. A única solução viável é: NÃO AO SISTEMA DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS ENTRE INVESTIDOR-ESTADO!

É de fundamental importância que nós enviemos uma mensagem clara e forte para a Comissão Europeia. Participe da petição e nos ajude a empurrar para trás privilégios injustificados para os investidores privados, em detrimento das pessoas e das sociedades como um todo!

A única coisa que você precisa fazer é clicar no Agir botão!