segunda-feira, 15 de julho de 2019

Classe média, sempre ela...


O sujeito era tão, mas tão classe média, que seu pão caiu inclinado, nem com a cara pra baixo e nem de barriga pra cima.
































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Como Bolsonaro explorou o ressentimento da classe média baixa e roubou eleitores de Lula

No VIOMUNDO

por Luiz Carlos Azenha

Nosso entrevistado levou a esposa e a filha para visitar os parques da Flórida recentemente. Pagou em dez vezes e não pode planejar nenhuma outra extravagância enquanto não quitar o crediário.

Ele não é pobre, nem se considera de classe média confortável. Veio da pobreza, ascendeu, mas bateu no teto. Experimentou as delícias do consumo, mas vive com a corda no pescoço.

Todos os dias, em grupos do whatsapp, recebe ao menos 15 mensagens de apoio ao candidato Jair Bolsonaro. Recentemente, recebeu a primeira de apoio a Fernando Haddad, do PT.

Ele pertence ao imenso grupo de brasileiros que ganham de dois a cinco salários mínimos mensais. Dentre eles, Bolsonaro tem mais que o dobro das intenções de voto do petista Haddad.

Pelas pesquisas do cientista André Singer, homens e mulheres desta faixa de renda flertaram com o lulismo ao longo das vitórias do PT em eleições presidenciais, especialmente em 2006 e 2010.

São eleitores conservadores nas questões de comportamento, mas que migraram para o lulismo por conta da ascensão social que experimentaram. Lulistas, portanto, não petistas.

Jair Bolsonaro, com a ajuda das igrejas neopentecostais, penetrou com força nesta faixa do eleitorado.

Como?

Pesquisas recentes mostram que os eleitores de Bolsonaro são os que mais compartilham no whatsapp (40%, segundo o Datafolha).  São também os que mais compartilham o que foi batizado de junk news, que incluem as fake news (81% do total).

Meu entrevistado trabalha o dia todo e tem pouco tempo para se aprofundar na busca de informações.

Nos intervalos do dia, checa as mensagens e muitas vezes dá uma olhada nos vídeos e memes.

Vamos dizer que, pela repetição, as mensagens deixam uma impressão — que seja no subconsciente.

O grupo de whatsapp bolsonarista que ele frequenta é de colegas de trabalho. Amigos e colegas, gente na qual ele confia.

Só decidiu não votar em Bolsonaro quando descobriu que o capitão da reserva votou a favor da reforma trabalhista de Temer.

Meu entrevistado foi diretamente prejudicado, no bolso, pela reforma.

Mas, ele é a exceção…

Com o objetivo de garantir o sigilo das informações que me repassou — memes, fotos, vídeos –, apelei a outras pessoas da mesma faixa de renda para que me enviassem o conteúdo de grupos bolsonaristas dos quais fazem parte.

Foi uma forma de conviver com eleitores do Mito sem falsificar minha identidade.

Continua...

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